Antes de mais nada, é importante deixar claro que o filme não é uma biografia completa da maior estrela que a TV brasileira já teve, mas sim do período onde ela mostrou sua força total, brigando contra a censura, políticos e os acordos dos canais de televisão.
O Brasil em 1985 vive uma de suas piores crises e Hebe aparece na tela exuberante: é a imagem perfeita do poder e do sucesso da mulher, como nunca antes visto. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 anos de vida, está madura e já não aceita ser apenas um produto que vende bem na tela da TV. Mais do que isso, já não suporta ser uma mulher submissa ao marido, ao salário, ao governo e aos costumes vigentes.
Durante o período de abertura política do país, na transição entre o governo de intervenção militar para a democracia, Hebe aceita correr o risco de perder tudo que conquistou na vida e dá um basta, pois quer o direito de ser ela mesma na frente das câmeras dona de sua voz e única autora de sua própria história.
Numa atuação impecável de Andrea Beltrão, a personagem nos mostra uma Hebe entre o brilho da vida pública e a dor da vida pessoal, onde enfrenta o preconceito, o machismo, o marido ciumento, os políticos e os chefes poderosos.
Uma personagem extraordinária, com dramas comuns a qualquer um de seus milhões de fãs.