Um dos filmes mais sensatos sobre a história de Maria Madalena e Jesus, baseado em estudos, retirados os exageros da Bíblia e o melhor, mostra o olhar feminino sobre esse fato de nossa história. E é justamente esse olhar que faz com que se compreenda o filme.
Aqui Maria Madalena está em busca de uma nova maneira de viver, contrariando as pressões da sociedade, sua família e o machismo de alguns apóstolos. Ela não é uma prostituta, como nos textos mais antigos (os quais há mais versões), mas seu comportamento envergonha a sua família, mas nada disso importa quando ela conhece o Messias Jesus de Nazaré, e decide acompanha-lo, tornando-se sua seguidora. Aliás este fato a tornou a apóstola dos apóstolos em 2016 pela Igreja Católica, o que tem grande relevância para a construção do roteiro.
A mulher é retratada como o verdadeiro amor, o mesmo sentimento que Jesus queria passar em sua peregrinação de fé. O poder feminino surge no filme como conciliador, caridoso, curador e maternal. Este prisma é bem convincente, uma vez que esta conexão é percebida nos dias atuais, onde o olhar da mulher e sua forma de ver o mundo tem conseguido tornar a mensagem de paz mais vibrante em várias circunstâncias.
Temos dois grandes atores em cena, Phoenix consegue emocionar pelo olhar e Mara está em um de seus melhores papeis. A direção de Garth Davis traz um espetáculo visual pelas cenas, figurino e fotografia, o roteiro e montagem que não foram muito consistentes, pois quiseram ser muito comerciais e isto prejudicou o lado arte que poderia ter aparecido com maior força.
“As atuações são vigorosas, e o quarteto principal interpreta como se buscasse prêmio no Oscar. Phoenix talvez o mais chamativo, com uma performance metódica, na qual Jesus usa uma voz arrastada e rouca, dominada por uma serenidade pouco vista no ator em sua carreira”. Cinepop