Tom Ford tem o dom de acertar desde seu primeiro longa, em tudo e de forma natural pelo que parece. Neste não é diferente, o roteiro e a direção de sua autoria são magníficas, pois ele orquestra muito bem uma fotografia, figurino, trilha e atuações extraordinárias. Falando ainda em Tom Ford, ele sabia que não seria fácil seu reconhecimento no cinema, mas dono de uma carreira sólida no mercado da moda, percebe-se que sabe o que está fazendo (e onde está se metendo).
A trama nasceu do romance Tony & Susan, publicado pelo norte-americano Austin Wright em 1993 (no Brasil, o livro foi lançado pela Intrínseca). A história, tanto do livro quanto do filme, trata da vida de uma mulher que, 25 anos após abandonar seu primeiro marido, recebe em sua casa o manuscrito de um livro que ele escreveu. Na primeira página, uma dedicatória: ela deveria ler o livro porque sempre foi sua maior crítica. Quando começa a leitura, ela é arrastada para dentro da vida dos personagens e acaba encarando o rumo que a própria vida tomou e de sua auto reflexão.
Existe uma relação entre o real e a ficção, o que causa uma instigada no público. Não é difícil perceber que o drama do livro dialoga diretamente com o casamento que Edward e Susan tiveram, claramente vemos que na vida de Susan em Los Angeles, tudo é “perfeito”, já na história do livro o ambiente é sujo, violento, porém cheio de vida. Será uma resposta as escolhas que ela fez? Bom, é exatamente este o ponto que faz o espectador entrar e viver fortemente a trama (ponto para a direção e atores).
Enquanto Jake Gyllenhaal tem quase certa sua indicação ao Oscar, Amy Adams brilha dando suporte para toda a beleza estética do filme, suas cenas são as que fazem a reflexão, as de Jake o visceral.
“David Lynch encontra Alfred Hitchcock e encontra Douglas Sirk em “Animais Noturnos”, um filme noir entrelaçado com um melodrama repleto de crimes e suspenses psicológicos”. The Hollywood Reporter