Até agora remoendo os sentimentos, e o embrulho no estômago, que este filme me despertou.
Este é considerado o melhor filme do ano de 2015 para os críticos dos EUA. O filme retrata uma história real ocorrida entre 2001 e 2002 em Boston, onde um grupo de jornalistas resolve investigar várias denúncias de abusos efetuadas por sacerdotes da igreja católica. A matéria rendeu ao Boston Globe o prêmio Pulitzer em 2003.
O retratado por estes excelentes atores é como o jornalismo sério pode existir, efetuado de forma calma, contundente e cuidadosamente investigada. Fato que se comprova com a cena memorável de Mark Ruffalo junto a uma discussão pesada e cheia de sentimento com os demais parceiros, tornando-os pessoas reais e não mocinhos.
Aqui está a prova de que, em tempos de superestímulos da audiência, não é preciso investir em pirotecnia para garantir a atenção do espectador. Com uma história linear, um modo convencional, até, de contá-la, o diretor Tom McCarthy, consegue prender a atenção do público com maestria, numa curva narrativa ascendente – sem precisar recorrer a tiro, porrada e bomba.
“Na verdade, uma das razões que tornam “Spotlight” um filme tão profunda e incrivelmente satisfatório […] é que o diretor Tom McCarthy não transforma os jornalistas em heróis. O filme simplesmente deixa seus personagens realizarem seus trabalhos […] com um realismo que captura os espectadores”. Boston Globe
Não é preciso estômago pra ver o leve #Spotlight. O filme trata de jornalistas montando uma matéria sobre padres pedófilos, a quantidade deles e dos agredidos numa cidade. Já #Michael, de Markus Schleinzer (Áustria, 2011), precisa de muito, e põem muito mais estômago… pra acompanhar a rotina e o dia a dia de um pedófilo que mantém uma criança em cárcere privado no porão de sua casa, ao seu bel-prazer. Aí sim precisa de muito, mas muito estômago… E fora que não se esquece mais o que se vê no filme. Vc leva o choque, o desconforto, a raiva, a ira e a vontade de fazer justiça pro resto da vida.