O clã conta a sinistra e real história dos Puccio, uma família que, no começo dos anos 1980, sequestrou e assassinou vizinhos em San Isidro, bairro nobre nos arredores de Buenos Aires. Os Puccio formavam uma família respeitável, daquelas que reza unida antes das refeições. O pai, contador, e a mãe, professora, tinham quatro filhos. O mais velho, Alejandro, era uma estrela ascendente da seleção argentina de rúgbi e estampava capas de revista. Os porões do casarão onde a família vivia guardavam semelhanças com os porões da ditadura argentina, que deu seus últimos suspiros na mesma época em que os Puccio cometiam seus crimes. Com a ajuda dos filhos, Arquímedes, o patriarca, sequestrava membros da elite argentina e cobrava resgates em dólares. Quem passava pelo porão dos Puccio não saía vivo.
Em “O clã” aparecem os cinco filhos de Arquímedes e Epifania, sua mulher, mas Alexandre rouba a cena. O primogênito é obrigado pelo pai a participar dos sequestros, entre eles o de um amigo do Clube Atlético San Isidro (Casi), até hoje um dos mais badalados de Buenos Aires. Trapero mostra um Alexandre em crise, contrariado e profundamente angustiado pelas pressões de um pai absolutamente manipulador.
Desde a estreia nos cinemas locais, na primeira semana de agosto de 2015, a Argentina mergulhou numa verdadeira “pucciomania”. O diretor conta que nunca imaginou que a casa da família Puccio em San Isidro viraria quase um ponto turístico, onde as pessoas tiram fotos que depois circulam nas redes sociais. Para ele, a “pucciomania” e a “pucciolândia” superam, amplamente, as expectativas de todos os produtores e realizadores do filme.
“Trapero ainda acerta ao se permitir uma leve dose de humor negro e cenas fortes de assassinatos, elementos que combinam muito bem com o absurdo da história. […] O retrato desenvolvido por Francella é tão incrivelmente incômodo que é impossível desmerecê-lo. Sua frieza impõe o tom de O Clã”. O Globo