Em Birdman, o dedo do diretor mexicano Iñárritu aponta para a indústria do entretenimento como um todo.
Não pense você que se trata de ingratidão ou algo do tipo, longe disto. Birdman oferece um retrato ao mesmo tempo cínico e realista, com um olhar distanciado típico de quem é de fora e não possui ligações afetivas que embacem a realidade. No filme, o personagem principal é um ex-astro do cinema que viveu seu auge quando interpretou o personagem do título, um super-herói bastante popular. Quando recusou a terceira sequência, seu mundo começou a ruir, lentamente. Para interpretá-lo, um ator que passou por uma jornada um tanto quanto parecida: Michael Keaton, ex-Batman, há anos sem um papel relevante nas telonas. A vida imita a arte ou a arte imita a vida? As duas coisas.
Repleto de diálogos sarcásticos e um elenco coeso muito competente, com destaque maior para os olhares reveladores de Emma Stone e Naomi Watts, Birdman é um filme lúdico que diz muito sobre o mundo atual, onde a fama é algo a ser conquistado a todo custo e a palavra perde cada vez mais espaço para a beleza de imagens vazias.
“”Birdman” é todo ele criatividade […] Firma ainda uma grande parceria, de Iñárritu e Keaton. O diretor mostra bom humor insuspeito e sobre a outro patamar, e o ator nos relembra por que gostamos dele, apesar de “Batman”. Sim, Thomson/Keaton, Birdman/Batman, nem tudo é por acaso.” Folha de São Paulo