Quase dez anos depois de ganhar o Oscar de melhor atriz, Reese Witherspoon investe, agora como produtora, em outro personagem real: Cheryl Strayed, a mulher que resolveu fazer a trilha de 4.200 Km, que inclui toda a costa oeste dos Estados Unidos, da fronteira com o México até o Canadá, conhecida como “Pacific Crest Trail” – e sem experiência alguma no esporte – em busca de autoconhecimento.
A perda da mãe, morta prematuramente de câncer no pulmão aos 45 anos, afetou demais Cheryl. Aos 22 anos, ela estudava e trabalhava como garçonete, e tomou um caminho autodestrutivo. Quatro anos depois, viciada em drogas pesadas e se envolvendo com todos os caras que apareciam, Cheryl se divorciou e adotou um novo sobrenome porque não queria continuar com o do marido nem podia seguir com o que carregava desde o nascimento. A palavra que lhe veio à mente foi strayed, cujos inúmeros significados — “desviar-se do caminho certo, afastar-se da rota direta, perder-se, ficar louco, não ter pai nem mãe, não ter casa” — ela sentiu que a definia naquele momento.
A atriz se entrega ao papel despida de qualquer vício de trabalhos anteriores, em uma performance (in)crível. Com alma, o relato corajoso de Cheryl, a escritora, resultou em um filme, no mínimo, honesto nas mãos da equipe.
“Em sua melhor interpretação, Reese deixa de lado a imagem criada na fábrica de sonhos e se entrega de corpo e alma ao personagem, em um desempenho rico em nuances físicas e emocionais.” O Globo