O filma poderia se apoiar apenas nas ótimas atuações de Miles Teller e J.K. Simmons. Mas o diretor e roteirista Damien Chazelle tem outros trunfos que fazem com que o filme seja um dos melhores do ano. A edição é frenética e a trama tensa não é moralista. É possível sair da sessão achando os métodos um absurdo, ou com a certeza de que não existe resultado sem muitas gotas de suor e sangue.
O empenho da dupla de protagonistas, em busca da batida perfeita, aparece em várias situações angustiantes do filme. Tapas na cara para marcar o ritmo de uma música são um aperitivo para entender como o filme pode fazer alguém se contorcer na cadeira do cinema. Ver a quantidade de curativos e feridas nas mãos também é agoniante, mas nada se compara a uma cena de maior impacto no fim do filme, quando a noção é abandonada.
O filme levanta uma discussão interessante neste mundo do século XXI. Vale a pena submeter alunos a uma condição degradante se for para criar um talento musical, um Charlie Parker? A fala de Fletcher em que afirma que a pior expressão que existe é “bom trabalho” é bem interessante.
O longa é muito eficiente e conta com momentos de extrema beleza, seguidos, geralmente, por sequências tensas de pressão e desespero. A trilha sonora é extraordinária e a direção de Damien Chazelle é surpreendente.
“Whiplash é adrenalina cinematográfica. Numa era em que tantos filmes aparecem mais refinados para públicos ou gerentes de marketing, esse é um drama profundamente pessoal e vibrantemente vivo”. Chicago Sun Times