Um sujeito cético e em busca de si mesmo…. resumiria assim este filme de Woody Allen.
O roteiro desta história do início do século se dá a partir da relação que se estabelece entre o mágico e uma médium, a qual ele é convocado para desmascarar.
A acirrada discussão entre racionalidade e fé transcorre entre citações a Hobbes, Freud e Nietzsche e discussões sobre a cura de uma doente ter se dado pela força das preces da família ou da qualificação dos médicos que a atenderam. Deus existe ou esta morto?
Ainda que a virada da narrativa em sua reta final surja como uma previsível carta na manga, é interessante ver Allen espelhado em um personagem seu ceticismo e arrogância como elementos responsáveis por seu aprisionamento em um mundinho triste e melancólico sustentado pela frieza do pensamento lógico — como se seu sangue circulasse pela cabeça sem passar pelo coração, compara ele.
Até a conclusão de Sophie ser ou não ser uma picareta, a graciosa vidente brilha como a encarnação do espírito livre, leve e solto dos que acreditam que vida pode ser temperada por um pouco de ilusão e fantasia.
“Charmoso sem ser engraçado, “Magia ao Luar” parece se contentar em lançar o seu feitiço, mas nunca partir para a jugular. […] Este é o filme de Allen com imagens mais belas em muito tempo”. The Guardian