A Grande Beleza começa, entregando ao espectador um passaporte especial para um cinema provocante, divertido e de grande impacto visual.
O protagonista é rico, bem sucedido, não é feliz com sua escolha e, incrível, a descoberta de que não deve perder tempo fazendo coisas que não quer, veio somente aos 65 anos. É quando sua frieza inicial vai sumindo, potencializando a capacidade de envolver você naquela história, a partir das constantes observações e intervenções, que ele faz nas pessoas que o rodeiam.
O sarcasmo é constante e não sobra pedra sobre pedra. Da religião à literatura, passando pelas artes, a afirmativa é de que a beleza não é tudo e a verdade sucumbe a ilusão. A sociedade (não só a italiana) é massacrada por críticas ácidas, detonando o culto ao belo, explorando os estereótipos e desafiando a intelectualidade, ao mostrar uma pintura, fruto da ira infantil, ser considerada obra de arte.
O personagem sofre uma metamorfose, e o filme também se transforma. Sem jamais perder a ironia, Paolo Sorrentino passa insensivelmente, irresistivelmente, do excesso à moderação. E do profano ao espiritual. (Télérama)