Esqueça o péssimo título nacional “Como Não Perder Essa Mulher” (o original é bem melhor e fazendo uma analogia retrata bem a história – Don Jon), é uma questão bem mais profunda: o amadurecimento nos relacionamentos, sob a ótica masculina, tendo a pornografia como rito de passagem. Uma proposta ousada encarada com habilidade por Joseph Gordon-Levitt na direção, no roteiro e como ator.
O filme pode ser dividido em duas partes, correlacionadas mas bem distintas. A primeira segue no jogo amoroso existente entre homens e mulheres, onde ambos buscam direcionar o relacionamento para o caminho que desejam. Neste aspecto é importante ressaltar o acerto na escalação de Scarlett Johansson, por ser a representação do ideal de sensualidade entre as atrizes de Hollywood na atualidade. Retrata os relacionamentos modernos e que nos diverte em momentos antológicos como a análise sobre o que é o cinema para homens e mulheres, os variados encontros de Jon com sua família e suas confissões na igreja.
Entretanto, é na segunda parte que o filme surpreende bastante ao adquirir grandiosidade. Tendo por base a questão do pornô, a história caminha buscando o amadurecimento emocional de Jon. O sexo é usado como meio de compreensão do que é um relacionamento amoroso de fato, mostrando o quão dispensáveis eram todos os questionamentos exibidos na metade anterior – e que retratam tão bem a passagem da adolescência para a vida adulta.
Sua visão transgressora do mundo arranca risadas e ainda apresenta lições importantes sobre relacionamentos, mesmo que, por vezes, faça isso de maneira quase didática. Erro perdoável para um filme de estreia, ainda mais um tão divertido. CineClick